9 de abr. de 2011

TEMPO SEXUAL

Não é o sexo em si, é o momento de distração. Não é a companhia em si, mas o momento acompanhado. Existe o tempo da procura. O tempo pode ser longo. O tempo não termina. O tempo da procura, tem duas soluções finais: o encontro da procura, ou a desistência da mesma. A desistência decido eu, o encontro, decide a sorte. Quantas horas definem o tempo da procura? Algumas. Muitas. Demasiadas? Se o tempo da procura é finalizado pelo encontro, a pergunta é: e agora? E agora o que fazer com tanto tempo de sobra? O que fazer, se nada há já a procurar? Procurar outro encontro? Respirar a ansiedade do vazio? Finjo não ver as dúvidas serem projectadas no meu rosto. Durante o tempo do encontro, não terei de pensar nelas. O encontro em si, demora um tempo teórico, um tempo que por vezes parece não terminar, outras, parece nem ter começado. E o tempo do: e agora, volta. E agora? O que fazer a tanto tempo. A procura, não era o sexo em si, mas a distração do tempo do vazio. A procura, não era da companhia em si, mas pelo momento acompanhado, fingido não temer este tempo do vazio, que me atormenta as horas que nunca passam. É mais facil gastar o tempo em sexo, do que perceber o que fazer com tanto tempo.

9 de jan. de 2011

MÃOS GÉLIDAS

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As noites frias não aguentam mãos gélidas. É urgente encontrar um corpo. É urgente tocar um corpo. A cabeça fabrica imagens de carne. Imagens de pelo, de um corpo quente. O calor. Preciso tocar urgentemente num corpo. Não é Sexo. É apenas tocar num corpo, é assim que se chama. Não se poderia chamar de uma outra forma. O Sexo executa-se cavalgando sofregamente num corpo, na urgencia de adiar a morte. O Orgasmo, evidência-se, colocando em segundo plano uma Bomba Atómica ou mesmo um tremor final de Terra. No entanto, esta noite, não é noite de climax absurdo de labaredas ou chamas. O meu corpo não necessita orgasmos evidentes daqueles que ejaculam exibindo suores de prazer. Não pretendo exibir nada, não sou exibicionista. Pelo não o sou esta noite. Não estou excitado. Fisicamente, digo. Esse orgão que enrijece evidências básicas de excitação, não passa de pura ficção de entertenimento e distracção. Não me quero distrair comigo. Nem com ele. Não me venho. Vou-me. Vou-me somente à procura de tocar um corpo que. Colocar a minha mão fria numa pele ardente. Sentir o calor duma carne, ainda que por segundos.

16 de jul. de 2009

SEXUALMENE DE MÃO DADA

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Uma noite, estava no Parque eduardo VII. Era meia noite. Mais uma noite de procura de sexo. Atrás de uma árvore, um rapaz ajoelhado aos pés de outro. Estou mais em cima a ver. Vejo chegar um outro rapaz. Olha para mim. Olho para ele. Ele junta-se à árvore, formando um trio com os outros dois. Aproximo-me também. Estamos três em pé e um de joelhos. O rapaz olha para mim. Beija-me. Ficamos ali num beijo ignorando os outros. Aproximam-se mais um. Somos cinco. O rapaz pega na minha mão e leva-me dali. Percebo que quer estar apenas comigo. Atravessamos árvores, à procura de um sítio para estamos apenas os dois. Ele puxa-me pela mão. Sinto a sua mão tocar a minha. Aquela mão desconhecida agarra a minha. Sinto o calor duma mão que deseja estar apenas comigo. E de repente, estar ali de mão dada é tudo. Na minha cabeça tudo o resto deixa de fazer sentido. Os rapazes ali de joelhos, o sexo, as calças, as braguilhas, o sexo oral, a excitação, o orgasmno. Nada faz sentido. A única coisa que sinto é aquela mão a tocar na minha. E penso que afinal o que procuro não é sexo, mas um afecto. Procuro um carinho. Procuro atenção. Procuro ser desejado. procuro sentir-me importante para alguém. E talvez a cada estranho que procuro para sexo, o que procuro é apenas atenção e não o sexo em si. Nunca mais esqueci essa noite de mão dada a um estranho que desconheço o nome, mas que por momentos me fez sentir tão importante e me fez perceber que aquilo que procuro é afecto.

15 de jul. de 2009

SÓ MAIS ESTA VEZ

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E digo a mim mesmo que vou parar. Digo que foi a última vez. Que desta vez acabou. E uns dias depois, ou umas semanas depois, tudo volta. E digo a mim mesmo que é só mais esta vez. Uma última vez. Depois desta vez será o fim. Não voltarei a ter sexo com estranhos. Não voltarei a procurar desesperadamente Sexo. Não perderei noites sem dormir na procura de um pedaço de carne. E digo a mim mesmo que é só mais esta vez. Como uma espécie de despedida. Uma última vez, fazendo-a com a consciência de que é mesmo a última, talvez me faça chegar ao fim deste vício, desta obcessão por um pedaço de carne. E tento fazer-me acreditar que esta é de facto a última e derradeira vez, apesar de já o ter prometido a mim mesmo que assim o seria. Mas tem de haver uma última vez. Tem de existir um ponto final.

14 de jul. de 2009

REJEITADO

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Sentado à mesa. À minha frente o pc. Ao lado o telemovel. Eu estou sozinho. A caixa postal de mensagens enviadas está cheia. Nenhuma resposta. No msn ninguém parece estar interessado em estar comigo. No Gaydar e no Manhunt, ou não respondem, ou não podem, ou não me querem. No Mirc é só brincadeira virtual. Já não sei há quantas horas aqui estou. Ninguém quer vir ter comigo. Ninguém me quer fazer companhia. Estou sozinho. Sinto-me completamente rejeitado. Abandonado. Um peixe fora de água. Um resto de comida na borda de um prato vazio. Serei assim tão desinteressante? Tão feio? Rejeitado por todos aqueles que tento abordar para me fazerem companhia esta noite. Não a noite toda, evidentemente que não. Uma hora. Meia hora chega para me sentir vivo. Em vez disso ninguém quer vir ter comigo. Ninguém quer fazer sexo comigo. Sou posto completamente de parte. Sou fácil? Sou óbvio? Sou prático demais? Sou garantido? A última escolha? O que estou eu aqui a fazer à não sei quantas horas a pedir a um telemovel que faça sexo comigo? Que faço eu aqui desesperadamente implorando a um computador que faça sexo comigo? Porquê estas tentativas desesperadas de Sexo, quando já percebi que sou rejeitado e que ninguém me quer? Começo a ter nojo de mim. Começo sinceramente a ter nojo de mim. Por mais que tente, não consigo nem um único encontro esta noite. Nem sequer um corpo de 5minutos que desaperte a braguilha e a volte a apertar. Rejeitado por todo um mundo virtual de engate. Rejeitado. Sinto-me até rejeitado por mim. É natural que que rejeitem. É natural que tenham nojo de mim. Eu tenho.

13 de jul. de 2009

BATE-ME!

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Um dia estava de joelhos, ele à minha frente e dá-me um estalo na cara. Deu-me prazer. O prazer de sentir aquela mão pesada contra a minha cara num movimento forte de poder. Peço-lhe novamente: bate-me. Ele dá-me um novo estalo na cara. Dá-me com o sexo dele na cara. Dá-me com a mão na cara. Dá-me com o sexo na boca. Começo a ficar obcecado em apanhar. Começo a ter muito prazer em receber estalos na cara, durante o sexo, enquanto estou de joelhos. Começo a pedir que me batam. Fico com as marcas na cara. Marcas de prazer. Marcas de dor. A dor do prazer. O prazer de levar na cara. Uns estalos mais fortes, uns mais fracos. Uma noite levo um estalo que me faz sangrar o lábio. Os meus dentes contra o lábio, na força do estalo, fazem-lhe um pequeno rasgão. Uma noite, estou de joelhos no chão da sala. Ele entra em minha casa. não me diz nada. Olha para mim. Recebo um grande par de estalos na cara. Só depois desaperta as calças. Peço: bate-me. Estou obcecado por levar estalos na cara. Bate-me! O prazer de me sebntir humilhado. Mas não sinto humilhação. Sinto prazer. Naquela dor, naquela força, naquela mão aberta contra a minha cara, sinto um profundo prazer de satisfação. Bate-me.

12 de jul. de 2009

A DOR E O SEXO

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Há uns anos atrás, o meu avô morreu. A primeira coisa que fiz foi procurar Sexo. Não queria sentir a dor de alguém que não voltaria a ver. Não queria lidar com essa dor. Não queria sequer pensar ou ter de pensar na sua morte. Nessa noite, liguei-me ao msn, apareceu um rapaz com quem devo ter teclado em tempos, mas nunca nos tinhamos conhecido. Ele veio ter comigo a minha casa. Vinha em jeans, sem nada por baixo. Eram não sei quantas da madrugada e enrolado no seu corpo, eu não pensava na morte do meu avô. Era como se não tivesse acontecido. Fingi que nada aconteceu. Fingi que ele não tinha morrido. Fingi que essa morte não existia para não ter de lidar com essa dor. Não tive uma ligação profunda com o meu avô, mas recordações de infancia, um respeito e um grande carinho. Mas a dor, era saber a dor que estava a causar à minha mãe, o pai dela ter partido. E pensar que a minha mãe estava a sofrer e que eu não podia fazer absolutamente nada para lhe evitar essa dor, para a arrancar do seu coração e não ter de a sentir, deixava-me completamente impotente. Para lutar contra essa impotência, essa revolta, essa raiva, virei as costas e fui fazer Sexo. Sexo, como uma maneira de fingir que os sentimentos não existem. Sexo, como uma forme de fingir que a dor não existe. Substituí a dor pelo prazer. O prazer passou. A dor continua no meu coração. Nunca me livrei dela, talvez porque nunca a enfrentei. Porque podemos fugir, virar as costas, não querer sentir, mas o nosso cérebro é um grande armazém de emoções e elas não desaparecem, apenas porque fingimos que elas desapareceram.

11 de jul. de 2009

PROBLEMAS OU SEXO?

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Quando tenho um problema para resolver e não consigo, qual é a primeira coisa que penso? Sexo. É uma es´pécie de terapia. Uma espécie de distração. Relaxamento. Tenho um problema. Uma situação qualquer que não consigo resolver. Viro-lhe as costas, finjo que não existe, adio-a e vou procurar sexo. Sexo ou masturbação. Sei o que o problema não deixou de existir apenas porque vou dar uma queca. Sei que ao dar uma queca sou a avestruz que enterra a cabeça na areia. Mas uma vez fora da areia, tudo continua igual. Mas talvez não esteja tão pesado de enfrentar. Parece que se torna mais leve, não sei. Mas de facto, quando existe algo que não consigo controlar, resolver, penso em Sexo e parece que tudo se resolve.Resolver, não resolve. Mas é o quê? Uma espécie de tranqualizante? Um alcoólico por vezes bebes para não enfrentar os seus problemas. Um viciado em sexo, faz sexo para não enfrentar a sua vida? Não é facil lidar com certos problemas. E a maneira mais facil, mais relaxante, mais calmante é pensar em sexo. Penso em sexo e a ansiedade que aquele problema me estava a causar, parece passar ou pelo menos acalmar. Viro as costas ao problema. Ele passa a segundo plano. Estarei a relativizar os meus problemas ou simplesmente a fingir que não existem? Ou será o sexo uma espécie de compensação? Um prémio de consolação para não me sentir tão constrangido com este ou aqule problema?

10 de jul. de 2009

SEXO OU AMIGOS?

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Tudo fica adiado em nome de ter Sexo. Tinha combinado com uma amiga minha estarmos juntos. A hora? A hora não estava bem combinada. Mas íamos estar juntos. Vejo a hora passar no canto inferior direito do pc. Continuo em canais e sites à procura de alguém que queira um momento rápido de prazer. Prazer? Será mesmo prazer? Ou uma espécie de rápido orgasmo disfarçado que apenas me faz chegar atrasado e deixá-la à espera durante horas. O telefone toca. É ela. Não atendo. Só mais um bocadinho. Eu já lhe ligo. Ela liga-me 10 vezes seguidas. Não atendo. Eu sei, que ela sabe, que eu sei o que estou a fazer e que não o devia, pois além de não me oferecer nada de novo, apenas atraasdo o nosso encontro, a minha vida, no fim sinto-me um lixo e em troco de quê? De uma pila rapidamente mal chupada? Chego 3horas atrasado. Outro dia não fui, inventei uma desculpa qualquer. Não atendi o telefone na outra noite, fingi que tinha adormecido no sofá. Fingi que tinha ficado sem bateria no telefone. Deixei de estar com os meus amigos em prol de uma queca mal dada com um desconhecido de quem nem sequer sei o nome. Para quê? Para no fim me sentir sozinho, porque não estive com eles, e no fundo não estive com ninguém, porque mesmo agarrado aquele corpo estranho, me sentia sozinho? Para quê? Entre Sexo e amigos, escolhi demasiadas vezes o Sexo. Demasiadas vezes, sexo teve mais importancia do que os meus amigos. Esqueci-me deles. Onde estão? Eternamente à espera quê eu dê as minhas quecas solitárias com corpos que não me dizem nada? Deixei de viver, de estar com os meus amigos, ignorei encontros, amigos, gargalhadas e abraços de convívio em prol de quê? De me sentir sozinho agarrado a uma pila sem nome?

3 de jul. de 2009

SOZINHO

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19h da tarde. Estou em casa. Nada para fazer. Ligo o Hi5. Nada de novo. Ligo a Tv. Sem novidades. O que fazer? Mando alguns sms a alguns amigos, porém sem resposta. O que fazer? Nada. Preciso falar com alguém. Sinto-me sozinho. Estou só. Ligo o messenger. Ninguém interessante para falar. 20h. Estou sozinho e sinto-me só. É preciso passar o tempo e enganar a solidão. Ligo o Mirc. Gayengates. Uma montra de Nicks com quem meter conversa e enganar o tempo. O tempo e a solidão, enganam-se com conversas de Sexo. Eu não quero falar de sexo. Mas de que vou eu falar? De que vou eu falar, senão tenho nada para dizer? Com quem vou eu falar, se não tenho com quem? Que vou eu dizer, senao tenho nada para dizer? Falo de sexo. 22h Passou o tempo e não me sinto só. Não vou falar da solidão, que ainda me sinto mais sozinho. Incrivel como as conversas sexuais, apesar de serem repetidamente as mesmas, conseguem enganar o relógio. Estou excitado. Não estou excitado. Volto a excitar. 1h da manhã.O tempo passa. Já não me sinto só. São 4h da manhã. Vou desligar. Mas se o fizer, vou voltar a senti-me só. Eu fazia-te isto, tu fazias-me aquilo e continuo distraído dos meus próprios pensamentos e da minha solidão. Esqueço-me de mim e do tempo. Tenho sono. 6h da manhã. É quase dia. A repetição destas conversas sexuais perdeu o interesse. Desligo o computador. sinto-me só.

2 de jul. de 2009

ISTO NA CABEÇA

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Porquê esta vontade de Sexo? Porquê este desejo obsceno e ansioso de carne? Que carne desconhecida é essa que me altera a respiração? Vontade de comer carne quente viva. Digo a mim mesmo que não preciso de sexo. Tento pensar noutras coisas. Não preciso de nenhum corpo para continuar o dia. Mas o dia parece não continuar se não sentir um corpo estranho. O dia parece resistir em ter continuidade. Ligo a televisão. Passo por todos os canais. Nenhum quer parar. Vou tomar um duche de água fria? O telemovel toca. É um amigo meu. Não atendo. Não consigo atender. Não posso atender assim excitado e com isto na cabeça. Não consigo tirar isto da cabeça. A vontade de Sexo. Esqueço o telemovel e os meus amigos que me telefonam. Esqueço tudo à minha volta. Esqueço e esqueço-me a mim. É esta vontade de Sexo. De agarrar num corpo estranho, de o despir, de o sentir. De sentir carne. Nada existe à minha volta, apenas a vontade de carne. Como pensar em outra coisa? Como esquecer isto? Como fazer alguma coisa? Como continuar o dia? Tenho coisas para fazer. Não consigo fazer nada sem antes ter sexo. A unica solução para não fazer Sexo é masturbar-me e deixar de pensar nisto. Desligo o telefone. Desligo tudo a minha volta. Fecho-me no quarto. Fecho-me apenas no meu corpo. Deitado na cama abro os olhos. O que aconteceu? Onde estive? O que se passou comigo? Porquê?

1 de jul. de 2009

A MANHÃ DE CALOR

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São 11h da manhã. Está calor. Estou de folga. Os meus boxers apertam-me. Abro a janela. Acordar assim excitado só tem uma solução: Sexo. Pego no telemóvel. Inspecciono a lista de todos os número com quem já fui para a cama. Escrevo uma mensagem padrão, que envio o todos. Enquanto aguardo a resposta do pretendente a apagar este fogo, ligo-me à net. Abro todos os sites de engate onde estou registado, e vou mandando mensagens a todos os corpos que me despertam. Vou ao Mirc, e por detrás de mais um nick qualquer, vou repetindo vezes sem conta as mesmas conversas de anos sem fim, seguido do messenger e das fotos. 13h da tarde. Retiro os boxers. A mão esquerda vai-me acariciando, enquando a direita busca arduamente a vitima do meu prazer. O telemóvel. Uns respondem que não podem, outros não respondem. Os sites, o gaydar, o manhunt, uns respondem que não podem aquela hora, outros respondem que não querem, outros não respondem. 14h30m. A manhã passou. Continuo aqui sentado. Se até às 16h não arranjar ninguém, masturbo-me e vou dar uma volta. Dou mais uma volta pelos nicks do mirc. A maior parte está apenas a passar tempo ou numa de masturbações virtuais acompanhadas de VideoCam. Preciso de Sexo. A procura sem encontra faz-me aumentar a ansiedade. Sinto-me regeitado. Negado. Começo a entrar em puro desespero e já estou por tudo. Alguns dizem que não se deslocam, para ir eu ter com eles. Não vou sair de casa, excitado como estou. Ainda à pouco saí da cama. A ideia era fazer Sexo assim, tal como saí da cama. 16h da tarde. Só mais uma investida. Recebo uma sms no telemóvel: "Quem és?" Respondo, na esperança de finalmente se ter aberto a hipotese de ter Sexo. 17h da tarde. Nada. No mirc os mesmos nicks escrevem as mesmas frases feitas no canal. 18h da tarde. Fico sem mensagens no Gaydar. Afinal tanta gente ligada online à procura de Sexo e eu aqui, pronto para o fazer e ninguém se mexe? 19h da tarde. 20h da noite. 21h da noite. A noite continua quente, tal como a manhã e tal como o meu corpo quando acordou há já algumas horas atrás. 23h da noite. Sinto-me ridiculo. Absurdo. Um dia inteiro à procura de Sexo. Não fiz Sexo e não fiz nada. 2h da manhã. Este dia não existiu.

30 de jun. de 2009

PARQUE EDUARDO VII

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Tenho 29 anos. Estou em casa. Não tenho nada para fazer. Até poderia ter, mas não me apetece. Sexo. Esta palavra aparece na minha mente. São 22h. O comando da televisão procura desesperadamente um filme, uma série, um colo de conforto do qual não seja necessário sair. Um spot publicitário exibe uns peitorais definidos dum moreno que me fazem suar. Não aguento. Não aguento mais. Preciso de Sexo. Preciso urgentemente de Sexo. A sensação quente de luxuria. O prazer do desconhecido. Sexo. Sexo Oral. Preciso de Sexo. Saio de casa. Vou até ao Parque Eduardo Sétimo. A cada escada que subo, a ansiedade aumenta. As minhas mãos nervosas nos bolsos dos jeans. É noite. É escuro. Por entre as àrvores vejo vultos. Existe um ambiente de sedução, de perigo e de prazer. Os olhares cruzam-se. Ninguém fala. Atrás de uma árvore um gajo desaperta a braguilha e tira-o para fora. A minha respiração descontrola-se. O medo. A curiosidade. A ansiedade. A vontade fala mais alto e dirihjo-me a essa árvore. Fico ali a vê-lo exibir e manusear o seu sexo enquanto olha para mim. Pego-o na minha mão. Está duro, quente. Olho para todos os lados. Ajoelho-me. Sinto-o todo na minha boca. Fecho os olhos. Não sei onde estou. Não sei que horas são. Não sei quem é este gajo, nem o seu nome. Não sei a quem pertence este sexo que saboreio na minha boca. Estou apenas na minha cabeça. Estou apenas na minha fantasia, no meu prazer. Nada existe Há minha volta. Enquanto isso, masturbo-me. Sinto as suas mãos na minha cabeça. Sinto-o a vir-se. Sinto-me a vir-me. Levanto-me. Aperto as minhas calças. Viro-lhe as costas sem olhar o seu rosto. Os meus pés caminham apressadamente até às escadas, que descem, sem nunca olhara para trás. Sexo. Precisava de Sexo. Ao rodar a chave na fechadura da porta de casa, sinto-me sujo.

3 de mai. de 2009

A PRIMEIRA MASTURBAÇÃO

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Tenho 13 anos. Descubro que o meu pai tem uns filmes porno lá em casa. Descubro o esconderijo. Uma tarde, chego mais cedo a casa, do liceu. Coloco a cassete no Video. É a primeira vez que vejo sexo em movimento. Esqueço as imagens das fotografias das revistas. Não existe sensação como esta. Homens e mulheres em movimento e com som fazem sexo, mesmo ali à minha frente. Tenho 13 anos e o Sexo é tudo para mim. Uma das cenas passava-se numa casa de banho. Uma mulher está deitada na banheira e quatro homens estam em pé em cima da banheira. Cada um mexe no seu sexo de uma maneira acariciante. Estou completamente excitado. Desaperto a braguilha das calças e tiro-o para fora. Começo a imitá-los enquanto estonteantemente admiro cada gesto, cada movimento da acção. E de repente, não sei como, um calor quente e fresco sobe por todo o meu corpo. Tenho vontade de gritar e de rir ao mesmo tempo. Saio de mim mesmo, entro no filme e volto a sair. A minha cabeça parece explodir, tal como todo o meu corpo. Da minha imitação dos movimentos dos actores, sinto as mãos molhadas, dum liquído que desconheço, mas a sensação é muito boa. Sei que vou repetir isto.

1 de mai. de 2009

O PRIMEIRO SONHO

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Tenho 12 anos. Acordo. Acordo assustado com o meu sonho. Seria um pesadelo? O meu tia estava deitado no sofá. Estava vestido. Era de tarde e tinha adormecido. Eu chegava lentamente perto dele, num silêncio de quem não quer despertar nem do sonho, muito menos tuso à volta. Silênciosamente desaperto-lhe a braguilha das calças. Cuidadosamente retiro o sexo dele para fora e fico a olhar para ele. Espantoso como um pedaço de carne humana pode ser tão misteriosamente dura e quente ao mesmo tempo. Sinto vontade de a provar. Coloco-a na boca. Lentamente saboreio aquele pedaço de carne quente. Acordo. Estou na minha cama. Acordo. Acordo assustado e aflito com o meu sonho. Nunca tinha pensado em sexo com um homem. Porque fui eu sonhar isto? Sinto culpa deste sonho que não entendo e que não quero entender. Quero acordar.

1 de jan. de 2009

A 1ª COMPRA SEXUAL

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Tenho 10 anos. Conto a um colega do liceu, sobre a tal revista. Ele também fica curioso para a ver. Quero tanto dividir aquela sensação com alguém. Dividir o prazer, esse calor secreto. Convido-o para ir comigo a minha casa. Tiro do esconderijo a revista. Desfolhamos cada página como quem lambuza o primeiro gelado. Fico excitado. Fico muito excitado. Não só porque estava a ver e a dividir a minha revista do prazer com alguém, mas porque era com o Miguel. O Miguel, era um rapaz da minha turma que me tratava mal. Ele e o irmão eram gémeos, eram repetentes pois tinham chumbado de ano. Batiam em todos, mas especialmente em mim, no maricas. O Miguel e o Manel eram tão giros. O prazer de estar a dividir a revista, e este momento de prazer com o Miguel, é um prazer quente de realização. Eu sabia que no fundo, ao mostrar-lhe a revista, estava a comprá-lo, a ele, e à minha paz. Sabia que durante alguem tempo partilhariamos um segredo nosso, e não voltaria a insultar-me, atirar-me pedras ou alfinetes. Já estávamos a sair quando comentamos que estávamos excitados. Ele disse que não mostrava. Na esperança de o ver desapertar as calças, voltamos ao quarto. Desaperto as minhas calças e exibo um membro duro de 10 anos. Ele não mostra o dele, mas só o facto de poder partilhar uma pequena parte do meu corpo com ele, é um prazer secreto.

22 de dez. de 2008

O PENTIS

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Tinha uns 9 anos. Não me lembro como, ou se na televisão, descubro uma nova palavra que desconheço. PENTIS. Era a palavra que os adultos usavam para designar o membro sexual. Ques estranho. Os adultos são mesmo complicados. Para quê usar uma palavra tão complicada, se era tão fácil dizer: pila? Pila era muito mais giro, não dava tanto trabalho. Lembro-me de ter dito a um colega de escola que tinha descoberto a palavra adulta para pila, era pentis. Só alguns anos mais tarde é que percebi o que estava a dizer.

22 de nov. de 2008

A BANDA DESENHADA

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Tenho 8 anos, penso. Existia um rapaz que trabalhava na loja por baixo de minha casa. Ele não era dali, de maneira que durante algum tempo dormia mesmo ali, num colchão na própria loja. A ideia de ter um desconhecido a dormir por baixo da minha casa excitava-me. Um dia consiguo entrar na parte onde ele dormia. Encontro debaixo do colchão uma revista porno. Não era uma revista com fotografias. Mas uma revista de banda desenhada porno. Resgatei-a. Que é como quem diz, roubei-a. Todas as noites, depois de todos se deitarem, acendia secretamente a luz do candeeiro e folheava a minha revista roubada. A minha primeira revista porno, em banda desenhada. Passo a lê-la todas as noites às escondidas. Era o meu orgasmo secreto. Um orgasmo psicológico, pois eu nem sequer sabia o que era uma masturbação. Mas só o facto de poder olhar aqueles membros desenhados em linhas curvas mas duras, era o prazer exacerbado antes de dormir. Um outro dia consegui roubar-lhe uma segunda revista. Comecei assim a minha colecção pornográfica.

20 de out. de 2008

A FOLHA RASGADA DA REVISTA

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Tenho 7 anos. Descobro uma folha rasgada de revista porno. A única imagem da qual me lembro, talvez porque tenha sido aquela que mais me marcou, foi a de ver uma mulher com o sexo de um homem na boca. Não percebi. Porque raio mete ela aquilo na boca? Fico chocado com a revelação. Eu já tinha ouvido falar em Sexo, mas não sabia muito bem o que era na prática. Era uma espécie de qualquer coisa que eu não sabia o que era. Mas, e não sei mesmo como é que eu sabia isto, que tinha a ver com o sexo do homem e o sexo da mulher. Mas na boca? No dia em que vejo esta fotografia, os meus conceitos desintegram-se. Comento com um colega de escola que afinal para se fazerem filhos, a mulher tinha de meter a pila do homem na boca. Este conceito era estranho para mim. A pila só servia fazer urinar. E a urina era algo que pertencia ao nojento. Como era possível colocar na boca algo que estava associado ao mundo do nojento? Meter na boca uma pila cheia de xixi? Penso que esta pergunta ficou gravada na minha memória para sempre. Porque raio naquela folha daquela revista, ela tinha o sexo dele na boca?